INFORME GERAL ATUALIZADO A@S PARCEIR@S E APOIADORES
Às Organizações e Movimentos Sociais,
Aos Governos Federal, Estaduais e Municipais,
À Cidadania Planetária,
“Um outro mundo é possível!” É com esse lema que o Fórum Social Mundial (FSM) tornou-se conhecido. Surgido em Porto Alegre em 2001, em oposição ao Fórum Econômico de Davos, o FSM rebateu o discurso vigente do pensamento único neoliberal e denunciou os efeitos perversos da globalização econômica e financeira. Virou o símbolo da busca por um outro modelo de desenvolvimento para o planeta, socialmente justo e ambientalmente sustentável.
O evento foi reiterado na capital gaúcha em três edições, foi para Índia, Quênia e voltou ao Brasil em 2009, em Belém. O FSM, nessa caminhada, teve muitas contribuições: pautou na agenda mundial o aumento das desigualdades produzidas pela financeirização da economia e valorizou outros paradigmas de desenvolvimento, a exemplo do “bem viver” defendido pelas populações indígenas andinas e amazônicas em contraponto ao “viver melhor” da ideologia capitalista, ou de outras formas de economia, da economia solidária à economia do cuidado dos movimentos feministas. O FSM aprofundou o sentido da participação da sociedade civil, estimulou a criação e o funcionamento de múltiplas articulações nacionais e internacionais e inspirou a implementação de diversas políticas públicas.
Passados 14 anos, o mundo mudou, assim como os desafios postos para o processo do FSM. Na década de 2000, diversos governantes que acessaram o poder pelas urnas, notadamente na América Latina, implementaram, na contramão das cartilhas neoliberais, uma agenda social que resultou na inclusão de milhões de pessoas ao acesso a bens e serviços públicos antes inacessíveis. A geopolítica internacional tornou-se menos dependente do eixo Estados Unidos-União Europeia-Japão e o mundo ficou menos monopolizado. Mas o sistema capitalista não perdeu sua força, e mesmo entrando numa crise profunda a partir de 2008, busca formas de se reinventar. Intensificou-se o processo de mercantilização da vida e dos bens comuns.
As políticas nacionais de desenvolvimento, em diversos aspectos, tornaram-se cada vez mais subordinadas aos interesses das elites políticas e dos grupos transnacionais econômicos e financeiros. E em muitos países, o ônus da crise está sendo cobrado das populações, por meio de políticas de austeridade que acabam violando ou precarizando os direitos humanos, trabalhistas e ambientais.
Como consequência, aumentaram as tensões entre governos, mesmo aqueles eleitos democraticamente, e os povos. Da mesma forma que o FSM é o aspecto mais significativo da dinâmica dos movimentos sociais nos anos 2000, o surgimento de novos movimentos cidadãos que se expressam nas ruas e nos espaços públicos marca o início dos anos 2010: movimentos revolucionários do Norte da África que levaram à “Primavera Árabe” a partir de 2011, Occuppy Wall Street, nos Estados Unidos, Indignados na Espanha, movimentos de estudantes do Chile, do Québec (os “Carrés Rouge” e de Hong Kong, ou ainda mobilizações cidadãs na Grécia, na Croácia, na Islândia, no Senegal e no Brasil quando, em junho de 2013, multidões tomaram as ruas clamando por mobilidade, mais políticas sociais e menos corrupção.
Por entender a importância desses levantes populares, as duas últimas edições mundiais do FSM foram realizadas em Túnis, capital da Tunísia e berço do processo revolucionário no mundo árabe. No último evento, ocorrido de 24 a 28 de março de 2015, cerca de 45.000 pessoas e de 4.400 organizações e movimentos de 122 países fizeram-se presentes. A maioria da África do Norte e do Oriente Médio, mas também da Europa, de diversos países africanos e das outras regiões do mundo. Mais de 1.000 atividades autogestionadas aconteceram.
Um dos principais desafios do FSM permanece, que é o desafio da articulação das lutas e a construção de pautas e estratégias comuns, resultando numa articulação mais global que amplie a possibilidade de incidência transformadora nos cenários mundial e nacionais. A conjuntura em vários países da América Latina, a exemplo do Brasil, e de outros continentes exige a convergência dos movimentos sociais e a construção de possibilidades de incidência mais efetiva do FSM no contexto planetário. O estreitamento das relações com os novos movimentos sociais, que começou a tomar forma na Tunísia, precisa ser reforçado e estendido a outros países, mas impõe ao mesmo tempo uma mudança de cultura e de prática política por parte dos movimentos mais tradicionais, que dominam até então a condução do processo do FSM.
O envolvimento da sociedade civil brasileira no FSM, caracterizado pela sua responsabilidade histórica no processo, tinha diminuído no início desta década, depois do evento mundial ter se deslocado para África. Mas, após a realização de um esforço conjunto, ocorreu em Porto Alegre, no FSTemático2014 a retomada da dinâmica das organizações e movimentos brasileiros em torno do processo do FSM. A participação da delegação brasileira foi resultado de um processo nacional de articulação, transparente e democrático. Um coletivo facilitador foi reconstituído, composto por sete organizações membros do Conselho Internacional do FSM: Abong – Associação Brasileira de Organizações não Governamentais, Ciranda, CUT– Central Única dos Trabalhadores, Flacso – Faculdade Latinoamericana de Ciencias Sociais, Geledés – Instituto da Mulher Negra, IPF – Instituto Paulo Freire, UBM – União Brasileira de Mulheres.
Foi conduzido um processo participativo que levou à realização de diversos eventos de mobilização nos dois últimos anos, dentre os quais um seminário internacional preparatório Rumo a Túnis em janeiro 2015 em Salvador, com participação de 230 pessoas de 100 entidades, seguido por um processo público de seleção de representantes de organizações e movimentos. Paralelamente, houve dinâmicas próprias de articulação das organizações em diversos estados, como na Bahia (onde uma parte da delegação recebeu o apoio do Governo do Estado), Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Amazonas. No total a delegação brasileira no Fórum Social 2015 em Túnis foi composta por cerca de 200 representantes de mais de 100 organizações e movimentos.
A avaliação da delegação brasileira e do coletivo facilitador expressa o êxito do processo de mobilização e de articulação das organizações e movimentos no Brasil em torno do FSM2015, assim como da participação da delegação brasileira na edição em Túnis. Todos ressaltam a importância de seguimento desse processo, que fortalece as lutas globais e específicas e reforça as capacidades de incidência social e política. A dinâmica brasileira em curso inclusive pode ajudar a apontar caminhos para a dinâmica do CI e de forma geral para o processo do FSM.
Nessa perspectiva, decisões tomadas na reunião do Conselho Internacional do FSM, realizada em Túnis dias 29 e 30 de março de 2014, indicam um processo de preparação do Brasil para o FSM2016 que contam com dois momento importantes:
- a realização de um Seminário do Conselho Internacional do FSM, nos dias 29 a 31 de outubro de 2015, em Salvador/BA, como etapa preparatória as discussões sobre o futuro do FSM e sua dinâmica organizativa;
- a realização do FSTemático2016, em Porto Alegre, nos dias 19 a 23 de janeiro de 2016, com o lema “FSM 15 Anos, Balanços, Desafios e Perspectivas na luta por outro mundo possível”;
- a realização do FSM2016, de 09 a 14 de agosto de 2016, em Quebec, no Canadá.
Neste contexto, a realização, de 19 a 23 de janeiro de 2016, em Porto Alegre- RS, desta edição do Fórum Social no mesmo período em que ocorre o Fórum Mundial Econômico de Davos, eleva à uma grande importância nosso evento.
Para organizar as várias iniciativas, a programação foi disposta em três dias, onde, as manhãs serão dedicadas especialmente as atividades autogestionárias de cada organização, movimento ou luta e, as tardes, serão dedicadas à iniciativas autogestionárias de convergências e diálogos com convidados internacionais e nacionais, como segue:
PROGRAMA
19 de Janeiro de 2016
15hs – Caminhada de Abertura do FSM 15 anos – Largo Glênio Peres
18hs – Show de Abertura do FSM 15 Anos – Auditório Araújo Viana
20 a 22 de Janeiro de 2016 – Manhãs
Atividades Político Culturais Autogestionárias
20 a 22 de Janeiro de 2016 – Tarde
Atividades Político Culturais de Convergências – Auditório Araújo Viana
23 de Janeiro de 2016
10hs – Assembleias das Redes, Movimentos e Organizações Sociais
15hs – Show de Encerramento do FSM 15 Anos – Auditório Araújo Viana
Como sempre, haverá uma série de atividades paralelas ou integradas nos processos do Fórum Social. Já está em adiantado processo de organização um Fórum Mundial de Educação Popular, um evento internacional sobre os temas da COP21, um encontro com a Juventude Negra que terá a participação do ex-presidente Lula, um grande evento sobre as lutas latino-americanas que contará com a participação do ex-presidente Pepe Mujica, dentre outras.
Por se tratar de um evento comemorativo aos 15 anos dos processos do Fórum Social Mundial que se iniciaram em Porto Alegre no ano de 2001, o objetivo é reunir no evento lideranças e pessoas que, neste período foram extremamente importantes para o processo de luta internacional. Além destes, pretende-se reunir novos atores e sujeitos que expressam e representa a luta popular nos dias de hoje. Dentre os nomes sugeridos vários já foram contatados e estão confirmados ou em processo de confirmação. Seguem alguns nomes apresentados:
CONVIDADOS SUGERIDOS
Atílio Boron
Boaventura de Souza Santos
Cândido Grzboswki
Chico Whitaker
David Harvey
Domenico Losurdo
Eleonora Menicucci
Emir Sader
Frei Betto
Isabela Teixeira
Jean Willian
José Pedro Stédille
Leonardo Boff
Luiz Inácio Lula da Silva
Luiza Erundina
Miguel Rosseto
Moacir Gadotti
Nilma Gomes
Oded Grajew
Olívio Dutra
Patrus Ananias
Pepe Mujica
Pepe Vargas
Raquel Rolnik
Salete Camba
Socorro Gomes
Susan George
Teresa Campello
Vanessa Grazziotin
Para a realização das atividades, já foram reservados como Território do Fórum Social os seguintes espaços:
ESPAÇOS DO MUNICÍPIO DE PORTO ALEGRE
Usina do Gasômetro (Externo e Interno)
Praça da Alfândega
Largo Glênio Peres
Auditório Araújo Viana
Parque da Harmonia
Anfiteatro Porto Sol
Largo Zumbi dos Palmares
Câmara Municipal de Vereadores
ESPAÇOS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Assembleia do Rio Grande do Sul
Memorial do Rio Grande do Sul
Casa de Cultura Mário Quintana
Auditório do BRDE
Escola Técnica Parobé
Escola Estadual Rio Grande
ATIVIDADES PREPARATÓRIAS
Para proporcionar uma dinâmica cumulativa do debate e sua sistematização o Comitê Organizador está propondo que ocorram, de julho a novembro de 2015, discussões em várias cidades do Brasil, da América Latina e do Mundo. Para isso, sugerimos algumas questões orientadoras.
SUGESTÃO DE QUESTÕES PARA O DEBATE
- Do ponto de vista da reconstrução da utopia de um outro mundo possível, quais as principais contribuições que as suas lutas sociais aportaram nos últimos anos?
- Quais as lutas estratégicas para o movimento anti-capitalista no atual contexto mundial e qual o papel do FSM neste processo?
- Do ponto de vista da articulação com a luta institucional, outros movimentos e organizações sociais que atuam nas mesmas ou em outras lutas, os processos do FSM contribuíram para ampliar horizontes políticos, fortalecer laços e acumular forças? Em que sentido?
- Qual a avaliação da atual dinâmica de organização dos processos do Fórum Social Mundial? Como é possível melhorá-la?
- Que sugestões podem ser dadas para o fortalecimento e consolidação dos processos do FSM?
DINÂMICA DE ORGANIZAÇÃO
Como em todos os anos e, respeitando a dinâmica de auto-organização dos processos do Fórum Social, foi constituído um Comitê de Apoio Local que contam, atualmente, com a participação de mais de 50 organizações e movimentos sociais e, este espaço está em permanente diálogo com o Comitê Facilitador Brasileiro composto pelas organizações e movimentos sociais do Brasil que atuam no Conselho Internacional e, ao mesmo tempo, mantém diálogo com as várias redes e movimentos nacionais e internacionais que atuam entorno das agendas do Fórum Social Mundial. Este Comitê de Apoio Local funciona através de uma dinâmica simples de Plenárias quinzenais, quase sempre as quartas-feiras intercaladas, realizadas na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul e, periodicamente, realizando Seminários de Metodologia e Organização com a participação de convidados nacionais e internacionais.
MOBILIZAÇÃO, COMUNICAÇÃO E CONTATO
Os processos organizativos estão funcionando no Espaço FSM Porto Alegre que fica no Memorial do Rio Grande do Sul, Rua Sete de Setembro, 1020 – Centro Histórico, CEP 90.010-190 – Porto Alegre/RS e que pode ser contatado através do e-mail, espaço.fsm.poa@gmail.com – ou pelo telefone +55 (51) 3221.3521.
As informações do dia-a-dia da organização do evento ainda podem ser acompanhadas pela página eletrônica www.forumsocialportoalegre.org.br ou pelo www.facebook/com/forumsocialportoalegre. Há ainda uma série de outras páginas das organizações e movimentos sociais que repercutem, diariamente, os processos organizativos e as discussões políticas em andamento.
Porto Alegre, 29 de Agosto de 2015
Comitê Local de Apoio ao FSM
Abong – CTB – CUT – Força Sindical – Frente Permanente do HipHop – IAFSMPoa – Sindicato dos Artesões do Rio Grande do Sul – UBES – UEE Livre RS – UGES – UGT – UJS – UNE – UNEGRO – União Brasileira de Mulheres – Unisol Brasil – Instituto Parrhesia – Mude – Suve – Frene Nacional de Mulheres do Hip-Hop – NCST – Forum Mundial de Educação – Cebrapaz – La Integración – Rede FALP – CONAM – FEGAM – Pró-Diversitas Brasil – Kizomba – FDIM – CMP – FERU – FREPOP – UAMP – OLPN – Fundação Mauricio Grabóis – Raízes D’Africa – FMB/RS – Bloco da Diversidade – Engajamundo – Rede Nossa São Paulo
Apoio
Governo Federal
Prefeitura Municipal de Porto Alegre
Câmara de Vereadores de Porto Alegre
Governo do Estado do Rio Grande do Sul
Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul