FSEPop: “É preciso descolonizar, democratizar e despatriarcalizar”
Por Marina Baldoni Amaral (FLACSO Brasil)
Desde a tarde de domingo (17), participantes do Fórum Social da Educação Popular [http://www.forumeducacaopopular.org/] (FSEPop) trabalham em grupos temáticos para discutir a relação entre Universidade e Educação Popular em cada eixo: – Direitos Humanos; Cultura; Extensão e Saberes populares, saberes acadêmicos e investigação. O trabalho é parte da atividade “Viajando na relação entre Universidade e Educação Popular”.
Os grupos foram convidados a apresentar os resultados das discussões de forma criativa, e trouxeram para o fórum jograis, cartazes, dinâmicas e um cordel (que pode ser acessado aqui).
“Não faz mais sentido que Educação Popular e Universidade estejam separados”, disse Salete Valesan Camba, diretora da Flacso Brasil, durante o “Papo Final”, encerrando o segundo dia do FSEPop. Ela usou a metáfora da “educação de corpo inteiro” para defender que assim como o ser humano não deve ser subdivido em partes, “não faz mais sentido que as escolas continuem dividindo as pessoas, os sujeitos, as mentes e o conhecimento em partes”. “Isolados e fragmentados não somos nada”, concluiu.
Oscar Jara, do Conselho de Educação de Adultos da América Latina (Ceaal), destacou que a educação popular é um fenômeno sócio-político e cultural latino-americano, mas é também uma concepção de educação e deve permear todas as atividades educativas, inclusive as universidades.
Jara defende que a história é uma “construção” e que devemos “fazer a história que a gente quer ter”. Ele avalia que os grupos de trabalho do fórum têm identificado os eixos problemáticos da educação e “colocaram uma agenda de trabalho que surge de nossas práticas”.
Em sua fala, Pablo Gentili, secretario-executivo do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (Clacso) discutiu com incorporar novos saberes e transformar, a parti de dentro, as universidades para torna-las críticas e transformadoras. Ele defendeu que, para isso, a universidade precisa “incorporar metodologias e práticas de educação popular”. “A distinção entre educação pública e educação popular é uma falsa dicotomia”, argumentou. Para ele, “não existe público que não tenha a ver com o comum”. Ele defendeu que as universidade precisam “fortalecer e gerar práticas desinstitucionalizantes dentro para poder questionar uma ordem que parece permanente”.
Boaventura
“Só há educação popular porque a educação formal é anti-popular”, disse o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos (CES/UPMS). “A mais anti-popular é a universidade”, complementou. “Estamos aqui para juntar o que foi separado porque foi separado exatamente para dividir e descaracterizar”, defendeu. O sociólogo argumentou que é necessário trabalhar para superar essa distinção: “Se praticarmos três verbos, democratizar, descolonizar e despatriarcalizar, estaremos superando essa distinção, que será cada vez mais do passado do que do futuro”, concluiu.
FSEPop
O Fórum Social da Educação Popular acontece até o dia 23 de janeiro, em Porto Alegre, no contexto do Fórum Social Mundial Temático 2016. O evento reúne intelectuais da América Latina, África e Europa, organizações e lideranças sociais, movimentos, universidades e governos em um grande debate a educação popular no mundo atual.
A ideia do FSEPop surgiu de um diálogo entre a Flacso Brasil, o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, o projeto Alice, a Universidade Popular dos Movimentos Sociais (UPMS), o Conselho de Educação de Adultos da América Latina (Ceaal), o Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (Clacso) e o Conselho para o Desenvolvimento da Pesquisa em Ciências Sociais na África (Codesria).
Ola a todos,
Gostaria muitíssimo de participar desse forum temático mas infelizmente moro bem distante de Porto Alegre. Vocês estarão disponibilizando videos com as palestras ou grupos de discussão do forum? Onde?
Desde ja muito obrigada.
Um ótimo forum a todos vocês!
Lisabeth