Iniciou na manhã do dia 19, no assentamento COPAN, localizado no município de Nova Santa Rita, o 17º encontro estadual do MST. Intitulado “Edson Lima-Gamba”, o encontro reune aproximadamente 500 participantes, e vai até dia 21 de janeiro. Visa aprovar o plano de lutas e a direção da entidade para o próximo período.
Integraram a mesa de abertura, além do MST, três entidades que participam da Frente Brasil Popular, recentemente criada para defender a democracia, os direitos sociais e a soberania do país: pelo Movimento de Luta pela Moradia (MNLM), Suelen Gonçalves, pela Central única dos Trabalhadores (CUT) Claudir Nespolo, e pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras (CTB) Igor Pereira. Falaram também pela Via Campesina Marcelo Leal e a prefeita de Nova Santa Rita Margarete Simoneti do PT.
Abrindo a mesa, Marcelo Leal avaliou que a luta de classes no Brasil entra numa nova fase, que exige a formação de “um novo blo histórico” que una a classe trabalhadora. Defendeu ainda uma reforma agrária popular capaz de romper com a lógica perversa da estrutura fundiária e garanta soberania alimentar para o país. “Hoje nós temos produto orgânico para os ricos, agrotóxico para os pobre e fome para os miseráveis”, avalia ele, defendendo políticas que garantam alimento saudável para toda a população.
Dando continuidade ao evento, a prefeita de Nova Santa Rita Margarete Sompneti saudou os avanços dos últimos tempos que permitiram que assentados oriundos do Movimento Sem Terra possam hoje ingressar na faculdade e se formarem médicos veterinários. Ela avalia que esse ciclo está ameaçado, e considera a democracia um elemento essencial que precisa ser defendido. “Nós temos que dizer não a violência e às ameaças a democracia”, lembrou ela. E citou ainda que o secretario da agricultura do município, um assentado do MST, ajudou a elaborar o selo de agricultura orânica do município, um grande avanço para a agricultura familiar.
Em seguida, teve a palavra o secretário de juventude da CTB Igor Pereira, que lembrou que o MST, junto com a CTB e outros movimentos que integram a Frente Brasil Popular, ajudaram nesse ciclo progressista dos últimos 12 anos, que acompanha em maior ou menor medidas governos que contestam o neoliberalismo em vários países da América Latina, como Venezuela, Aregntina, Uruguai, dentre outros. “Esse ciclo antineoliberal está ameaçado. Precisamos juntar forças e renovar as energias da classe trabalhadora para enfrentar a direita nas Américas”, lembrou ele, citando a marcha de abertura do Fórum Social Mundial que ocorreria logo mais no fim da tarde desse dia como um necessário grito de resitência dos povos em defesa da democracia, da paz e dos direitos dos povos e do planeta. Lembrou ainda que a Frente Brasil Popular precisa dialogar com outras Frentes que constróem a resistência do povo, dentre elas a Frente Povo Sem Medo.
Continuando o ato de abertura, Claudir Nespolo da CUT avaliou que não se ajuda a presidenta Dilma somente elogiando seu governo, que é preciso disputar e fazer com que o governo e programa eleito em 2014 seja cumprido. Disse ainda que a defesa da democracia é fundamental para os trabalhadores. “A democracia para nós é um valor, o emprasariado pode lucrar sem democracia, nós não”, lembrou ele e defendeu pautas históricas dos movimentos, como a taxação das grandes fortunas.
Representante da Frente Brasil Popular do RS na reunião nacional, Suelen Gonçalves do MNLM disse que o próximo período exigirá unidade dos movimentos para defender seus direitos, bem como a democracia. Ela apresentou a Frente Brasil Popular. “Somos um campo político de forças sociais, movimentos sociais, sindical, partidos políticos, pastorais que se articularam nesse último período com uma plataforma mínima: – em defesa da democracia, dos direitos dos e das trabalhadores, contra o golpe, pela soberania nacional energética, alimentar e o tema da Petrobrás. Queremos coletivamente construir lutas de massas, construir um projeto popular para toda a sociedade, articular e estimular todas as lutas sociais, retomar nosso trabalho de base para que possamos dar organicidade a frente”, esclareceu, convocando o fortalecimento desse instrumento de lutas cotra os retrocessos e por avanços sociais.
Encerrando a solenidade, Emerson Giacomelli, da direção estadual do MST, ressaltou que o movimento tem aprendido muito com as entidades que compõem a Frente Brasil Popular a fazer lutas conjuntas. “Ou a classe trabalhadora se une, ou será derrotada”, avaliou ele, enfatizando a dificuldade politica e econômica da atual conjuntura. Disse ainda que o encontro que iniciava tinha a tarefa redobrada de construir um plano de lutas que movimente os militantes do MST no próximo período.
O MST disse que participará com representação da Marcha de abertura do Fórum. Estão previstos na programação do encontro as falas de João Pedro Stedile, Milton Viário, Olívio Dutra, Frei Sérgio e Isabel Grein, além da apresentação da Escola de Samba Unidos de Vila Isabel. Haverá ainda lembrança dos 20 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás.
Fonte: Igor Pereira, CTB