O Fórum Social Mundial será palco do lançamento do Mborayu – um Jornal Mbya Guarani, dia 22 de janeiro, às 13 horas, no Território do Fórum do Parque da Redenção, no Será no CMET Paulo Freire (Rua Santa Teresinha, 572).
O projeto é produzido por indígenas da Tekoa Nhundy, também conhecida como Aldeia Estiva, localizada em Viamão, na região da Grande Porto Alegre, e será apresentado em atividade autogestionária no Território do Fórum, com a presença do cacique Gildo Gomes e demais integrantes da comunidade Mbya Guarani.
Com oito páginas, o veículo se apresenta como uma alternativa de jornalismo militante e dialógico, comprovando que a Comunicação Social pode e deve ser instrumento para a informação e reflexão – essenciais para a construção de uma sociedade mais tolerante e diversificada. Textos e pautas foram elaborados pelos integrantes da comunidade, com mediação da jornalista Tamara Hauck e da etnomusicóloga Milena Dugacsek.
Para realizar o projeto, a Angatu Cultural inspirou-se no modelo do jornal Boca de Rua que, há 15 anos, oferece alternativa de renda e visibilidade a pessoas em situação de rua na Capital gaúcha. O projeto gráfico foi feito pelo jornalista Pedro Dreher, gratuitamente.
Cada exemplar do Mborayu será vendido por R$ 3,00 e todo o dinheiro arrecadado pertence à comunidade indígena. Esta primeira edição foi financiada por pessoas físicas, mas o objetivo é conseguir apoiadores para arcar com os custos do projeto. No idioma Guarani, Mborayu significa, ao mesmo tempo, “o espírito que nos une” e “generosidade”.
Ao mostrar a vida dos Guarani a partir da sua própria perspectiva, o jornal Mborayu amplifica a voz de um povo que tem voz, mas não é ouvido. Fortalece a voz de um grupo que tem consciência da sua condição histórica, mas não encontra espaço para exercer plenamente sua cidadania. “Sabemos que os meios de comunicação tradicionais disseminam imagem equivocada, quando não negativa, dos povos indígenas. Desse modo, grande parte da sociedade sequer fica sabendo da real situação em que se encontram tais populações no país”, afirma Tamara, uma das coordenadoras do projeto.
Portanto, o jornal convida os leitores a refletir sobre uma realidade que não sai na grande mídia. “Os relatos sobre experiências e percepções dos Mbya nos permitirão ter contato com a realidade da Tekoa Nhundy e, de alguma forma, dos povos indígenas como um todo. E é este contato com as experiências ‘do outro’ que tem o potencial de promover novos olhares e perspectivas sobre nós mesmos”, acrescenta Milena, também idealizadora do jornal.
É o que espera o cacique Gildo Gomes: “minha expectativa é que, com o jornal Mborayu, as pessoas saibam que aqui tem Mbya Guarani, Kaingang e Charrua – e que nos reconheçam. “Na mídia, só aparece o mau indígena: se um indígena faz algo errado, ele é lembrado. É como se todos fôssemos iguais e isso não é verdade!”.
A Angatu Cultural é uma empresa que atua na idealização, produção e realização de projetos multiculturais, sociais e educacionais, além de prestar consultoria em diversas áreas da comunicação e pesquisa em ciências humanas.
Contatos:
Tamara Hauck (51) 9169-9186. E-mail: blochauck@hotmail.com /
tamara@angatucultural.com.br
Milena Dugacsek (51) 9252-5668. E-mail dugacsek.m@gmail.com /
milena@angatucultural.com.br